Acordo UE-Mercosul: O que está em jogo para Europa e América do Sul

Após mais de duas décadas de negociações, a concretização do acordo comercial acordo UE-Mercosul está prestes a alcançar um desfecho.

Líderes dos blocos se reúnem na 65ª Cúpula do Mercosul, no Uruguai, enquanto a visita de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, reforça a expectativa de que um avanço significativo seja anunciado. Contudo, divergências internas e externas ainda alimentam incertezas sobre a viabilidade do tratado.

O que está em jogo?

O acordo, descrito como um dos maiores pactos comerciais da história, pretende criar uma zona de livre comércio que abrangerá cerca de 700 milhões de pessoas, representando quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Entre seus principais objetivos estão a redução de barreiras tarifárias, o aumento da competitividade e a ampliação do acesso aos mercados de ambas as regiões.

Os países do Mercosul, liderados pelo Brasil, buscam fortalecer suas exportações agrícolas, enquanto a UE, em particular a Alemanha, visa revitalizar setores industriais, como o automobilístico e químico, enfrentando desafios crescentes da concorrência global, especialmente da China.

Resistências europeias e dilemas ambientais

Apesar do entusiasmo, o acordo enfrenta forte oposição, especialmente na Europa. Agricultores de países como França, Itália e Irlanda se mobilizam contra o pacto, alegando que a entrada de produtos sul-americanos a preços mais baixos pode comprometer a sobrevivência de pequenos produtores locais.

Além disso, críticas ambientais ganham força, com destaque para o desmatamento da Amazônia, tema central nas exigências europeias por maiores garantias de sustentabilidade.

Governos de países como França e Holanda, sensíveis às pressões internas, demandam cláusulas adicionais que vinculem o cumprimento de normas ambientais e trabalhistas internacionais como condição para a implementação do tratado.

A Comissão Europeia estuda alternativas para contornar os impasses, incluindo a divisão do acordo em partes que poderiam ser ratificadas de forma independente, reduzindo o poder de veto de alguns países.

A visão sul-americana no acordo UE-Mercosul

Do lado do Mercosul, há consenso sobre os benefícios do acordo. O Brasil, maior economia do bloco, enxerga a proposta como uma oportunidade de diversificar sua pauta comercial e atrair investimentos. Estudos apontam que o acordo pode gerar um impacto positivo no PIB brasileiro e aumentar as exportações do bloco em setores como carne bovina, açúcar e minerais.

Além disso, países menores do Mercosul, como Uruguai e Paraguai, esperam que a parceria com a UE amplie suas relações comerciais, diminuindo a dependência da China, enquanto a Argentina, agora sob a liderança de Javier Milei, busca utilizar o tratado como uma ferramenta para impulsionar reformas econômicas.

Próximos passos e desafios do acordo UE-Mercosul

Embora o anúncio de um acordo esteja próximo, a assinatura final depende de ratificações parlamentares em todas as nações envolvidas, um processo que pode levar anos. A cúpula em Montevidéu será crucial para determinar se os líderes políticos estão dispostos a superar as divergências e avançar rumo a um entendimento histórico.

Se aprovado, o acordo UE-Mercosul não apenas representará um marco no comércio internacional, mas também testará os limites da diplomacia em equilibrar interesses econômicos, sociais e ambientais em um mundo cada vez mais polarizado.

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