Nos últimos anos, uma nova prática tem ganhado destaque no mercado de trabalho, especialmente entre os mais jovens: o “career catfishing”.
Esse termo, que remete ao conceito de “catfishing” na internet, descreve a prática de candidatos que aceitam ofertas de emprego, mas falham em comparecer ao trabalho, muitas vezes sem qualquer aviso prévio à empresa. Embora a tendência tenha sido mais associada à geração Z, ela não é exclusiva a essa faixa etária, atingindo também outras gerações.
O “career catfishing” surge como uma resposta a um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, onde os processos seletivos são frequentemente longos e, muitas vezes, impessoais.
Estudos revelam que, em média, um candidato precisa se inscrever em 100 a 200 vagas para conseguir uma única oferta de emprego, o que gera uma enorme frustração. Para muitos, o ato de aceitar um emprego e simplesmente desaparecer pode parecer uma forma de retaliação contra os obstáculos impostos por esse sistema.
Por que o “career catfishing” está crescendo?
Entre os motivos para o aumento dessa prática, destaca-se a insatisfação com o processo de recrutamento, que em muitos casos pode ser caracterizado como labiríntico e demorado.
Além disso, a ausência de feedback claro e a vaga de emprego que não condiz com as expectativas dos candidatos podem levar à desilusão. Alguns profissionais, especialmente os mais jovens, enxergam o “career catfishing” como uma forma de resistir a um sistema que consideram falho e exaustivo.
É importante ressaltar que esse comportamento não se limita apenas a desrespeitar os empregadores, mas também pode acarretar sérias consequências a longo prazo.
Profissionais que adotam essa prática podem enfrentar danos à sua reputação e até dificuldades para encontrar novos empregos, uma vez que as empresas podem começar a ver essas atitudes como um reflexo do caráter do candidato.
O impacto do “career catfishing” nas empresas
Embora o “career catfishing” seja uma resposta aos desafios do mercado de trabalho, ele também traz prejuízos significativos para as empresas.
A falta de comprometimento e o desaparecimento de candidatos contratados gera custos elevados para as organizações, como a necessidade de iniciar novamente os processos seletivos, perda de tempo e recursos, além de possíveis danos à produtividade da equipe.
Empresas de todos os tamanhos estão começando a perceber que precisam revisar suas práticas de contratação, a fim de evitar esse tipo de problema. Processos mais transparentes, feedback mais rápido e uma comunicação mais eficiente podem ser caminhos para mitigar a ocorrência do “career catfishing”.
A importância da transparência e da honestidade
O fenômeno do “career catfishing” evidencia a necessidade de transformar o processo de recrutamento e as relações de trabalho em um ambiente mais transparente e colaborativo.
É fundamental que tanto empregadores quanto candidatos estabeleçam uma comunicação clara e objetiva, para que não haja frustrações ou enganos de ambas as partes.
Além disso, os candidatos devem focar no desenvolvimento de habilidades reais e em uma rede de contatos sólida, em vez de recorrer a estratégias enganosas para conquistar uma vaga.
A confiança e a autenticidade são as bases que devem nortear qualquer relação profissional, e não apenas um momento isolado de busca por uma colocação no mercado.
O “career catfishing” é, sem dúvida, um reflexo das dificuldades enfrentadas por profissionais em um mercado de trabalho cada vez mais impessoal e competitivo.
A prática, embora compreensível em certos contextos, traz consigo sérios riscos e prejudica tanto os profissionais quanto as empresas. A mudança para um modelo de trabalho mais honesto e transparente parece ser o caminho para evitar que o “career catfishing” se torne ainda mais comum.