Na sexta-feira (11), a Argentina deu um passo ousado: abandonou o controle rígido do câmbio e deixou o peso flutuar dentro de uma nova faixa (1.000 a 1.400 por dólar). A reação do mercado? Nesta segunda (14), a moeda desabou 17% – mas há mais por trás dessa queda.
O QUE MUDOU?
- Até então, o Banco Central mantinha um “crawling peg” (ajuste diário controlado) para frear a desvalorização.
- Agora, o peso pode oscilar livremente dentro da nova banda, alinhando-se ao valor real do mercado – que já era cerca de 25% mais fraco no paralelo (“dólar blue”).
POR QUE ISSO ACONTECEU?
1️⃣ Sinal ao FMI: O governo fechou um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo, e a flexibilização cambial era uma das exigências.
2️⃣ Fim das distorções: Com câmbio artificial, exportadores seguravam dólares. Agora, a taxa mais realista pode estimular entrada de divisas.
3️⃣ Aposta no longo prazo: O objetivo é acabar com o mercado paralelo e atrair investimentos, mesmo que no curto prazo a queda assuste.
E OS IMPACTOS?
- Bolsas e títulos reagiram positivamente, com papéis subindo até 4 centavos.
- Exportadores de grãos, como soja, devem vender mais dólares ao governo, aliviando a pressão sobre as reservas.
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O FMI liberará US$ 12 bilhões imediatamente, com mais US$ 3 bilhões até o fim do ano.
O QUE ESPERAR?
Se a Argentina mantiver o ajuste fiscal (Milei promete “déficit zero”) e a demanda por pesos se sustentar, a moeda pode encontrar um piso. Caso contrário, a turbulência continua.
📌 Em resumo: Dor imediata, mas um passo necessário para sair da crise crônica.