Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, neste domingo (16), em um ato público que teve como principal bandeira a anistia aos condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
O evento contou com a participação de governadores, deputados e senadores alinhados ao ex-presidente, além de lideranças religiosas e dirigentes partidários. Discursos reforçaram críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e defenderam a revisão das penas impostas aos réus.
Manifestação e discursos
O ato foi marcado por discursos inflamados contra o governo federal e o Poder Judiciário. Bolsonaro, que falou por cerca de 20 minutos, reafirmou sua posição de que as condenações foram “exageradas” e defendeu a aprovação do projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos.
“Essas pessoas não organizaram golpe nenhum. Foram presas de forma injusta, sem direito a um julgamento justo”, afirmou o ex-presidente. Ele ainda mencionou a necessidade de fortalecer sua base política no Congresso. “Em 2026, precisamos eleger parlamentares comprometidos com a nossa causa para mudar esse cenário.”
Entre os políticos presentes estavam os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Jorginho Mello (PL-SC). Tarcísio, considerado um dos possíveis candidatos da direita para 2026, afirmou que “não se pode criminalizar manifestantes” e defendeu mudanças na legislação.
Presença de familiares e simbolismo político
Familiares de presos pelos atos do 8 de Janeiro também estiveram na manifestação, exibindo faixas e cartazes com pedidos de liberdade. O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, afirmou que a mobilização busca sensibilizar o Congresso. “Esse não é um movimento apenas político, mas de justiça”, disse.
O evento ocorreu na mesma semana em que o STF deve analisar uma denúncia contra Bolsonaro no inquérito sobre tentativa de golpe de Estado. Nos bastidores, aliados do ex-presidente veem a manifestação como um gesto estratégico de pressão sobre parlamentares e o Judiciário.
Impacto e reações
O governo federal não se manifestou oficialmente sobre o ato. Parlamentares da base governista, no entanto, criticaram o movimento, classificando-o como “afronta às instituições”.
A segurança foi reforçada na orla de Copacabana, e não houve registros de incidentes graves. Segundo estimativas de diferentes fontes, o número de participantes variou entre 30 mil e 400 mil pessoas.
Com as eleições municipais deste ano e a corrida presidencial de 2026 no horizonte, o ato foi interpretado como uma demonstração de força da direita e um teste de mobilização do bolsonarismo.