Um novo levantamento global sobre prontidão para a adoção de Inteligência Artificial (IA), realizado pelo Cisco AI Readiness Index, revela que apenas 25% das empresas brasileiras estão efetivamente preparadas para explorar todo o potencial dessa tecnologia.
O estudo, que avaliou organizações de diferentes setores, indica que, apesar de investimentos crescentes, a maior parte das empresas enfrenta desafios significativos para implementar IA de forma eficaz.
O índice classifica as organizações em quatro categorias de prontidão: Pioneiras (com total preparo), Competidoras (moderadamente preparadas), Seguidoras (com preparação limitada) e Despreparadas. No Brasil, a maioria das empresas encontra-se nas categorias intermediárias, demonstrando que o caminho para a adoção plena de IA ainda é longo.
Lacunas na infraestrutura e governança de dados
Um dos principais gargalos identificados é a infraestrutura tecnológica. Embora 62% das empresas no Brasil tenham avançado em algum grau na modernização de seus sistemas, cerca de 54% classificam sua prontidão como “moderada, na melhor das hipóteses”.
Além disso, quase metade (48%) admite que sua infraestrutura tem escalabilidade limitada para acompanhar as crescentes demandas da IA.
Outro obstáculo destacado no relatório é a governança de dados. Apenas 35% das organizações relataram ter uma compreensão sólida sobre normas globais de privacidade e regulamentação de dados. Essa deficiência reflete a dificuldade de muitas empresas em alinhar suas operações às exigências regulatórias, o que pode atrasar projetos de IA e expor dados a riscos.
Investimentos em IA superam retornos esperados – Cisco AI Readiness Index
Embora as empresas estejam investindo pesado em IA, os resultados ainda estão aquém das expectativas. Quase 50% dos líderes empresariais entrevistados afirmaram que os ganhos obtidos com a tecnologia foram abaixo do esperado, seja na automação de processos ou na melhoria da eficiência operacional.
Além disso, apenas 38% das empresas disseram ter métricas claras para medir o impacto de suas iniciativas em IA, o que dificulta a identificação de avanços reais.
Por outro lado, a disposição para continuar apostando na tecnologia permanece alta. Mais da metade das empresas no Brasil (51%) indicou que melhorar a escalabilidade e a flexibilidade de suas infraestruturas está entre as prioridades estratégicas para aumentar a adoção de IA.
Cultura e Talento: Dois pilares cruciais
O estudo também apontou deficiências em dois pilares essenciais para o sucesso da IA: cultura organizacional e desenvolvimento de talentos. Cerca de 48% das empresas brasileiras afirmaram não ter profissionais com habilidades adequadas para gerenciar projetos de IA, e a falta de uma cultura voltada para a inovação tecnológica foi outro ponto crítico mencionado.
Ainda assim, o interesse por ferramentas como a IA Generativa tem crescido. Atualmente, 47% das empresas brasileiras já utilizam essa tecnologia, enquanto 43% trabalham para implementar soluções baseadas em IA preditiva.
Risco de perda competitiva
A pesquisa ressalta que as empresas têm pouco tempo para ajustar suas estratégias. Mais da metade dos executivos brasileiros (59%) acredita que têm, no máximo, um ano para implementar suas iniciativas de IA antes de perderem competitividade no mercado.
Embora os desafios sejam significativos, especialistas destacam que a adoção de IA representa uma oportunidade transformadora. Para avançar, as empresas precisam priorizar o investimento em infraestrutura, fomentar uma cultura organizacional pró-IA e apostar no desenvolvimento de talentos.
Com o crescente impacto da IA em setores como segurança cibernética, análise de dados e eficiência operacional, a corrida para dominar essa tecnologia está apenas começando — e o Brasil precisa acelerar o passo para não ficar para trás.
Pesquisa completa aqui: cisco.com