O mercado imobiliário brasileiro atravessa um momento de incertezas em 2024, marcado por mudanças nas condições de financiamento habitacional e aumento dos custos para construtoras.
Com os recursos da poupança praticamente esgotados, bancos têm restringido o crédito imobiliário tradicional e direcionado construtoras para linhas de financiamento atreladas ao CDI, que segue a Taxa Selic, atualmente elevada. Essa mudança pressiona o custo das obras e deve impactar os preços dos imóveis no próximo ano.
A Caixa Econômica Federal, que lidera o crédito habitacional no Brasil, adotou medidas mais restritivas para preservar os recursos da poupança para pessoas físicas. Desde novembro, o banco reduziu a cota de financiamento de imóveis, obrigando compradores a desembolsarem uma entrada maior.
No caso do sistema Price, por exemplo, o limite de financiamento caiu de 70% para 50% do valor do imóvel.
A nova dinâmica dificulta o acesso da classe média ao crédito e afeta construtoras que atuam fora do programa Minha Casa Minha Vida, já que essas empresas agora dependem de linhas de crédito mais caras para financiar seus projetos.
Com o cenário de juros elevados e a redução dos estoques de imóveis disponíveis, especialistas preveem uma valorização dos preços no mercado imobiliário nacional, especialmente em unidades voltadas à classe média e ao segmento de alto padrão.
Campo Grande e o impacto regional
Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, o impacto das mudanças no financiamento já começa a ser percebido. O valor médio do metro quadrado na cidade chegou a R$ 5.658 em outubro de 2024, uma alta de 4,28% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Índice FipeZap.
Apesar do aumento, a capital sul-mato-grossense ainda ocupa uma posição intermediária no ranking nacional, estando em 36º lugar entre as 56 cidades monitoradas pelo índice.
O mercado imobiliário local segue aquecido, impulsionado pela busca por qualidade de vida, proximidade ao Pantanal e o crescimento do agronegócio, que fomenta a economia regional.
No entanto, o aumento do custo de crédito e a escassez de recursos para financiamento podem limitar novos lançamentos e pressionar os preços em 2025.
O Centro-Oeste, onde Campo Grande se destaca como polo estratégico, registrou a maior alta de vendas de imóveis residenciais no Brasil no início de 2024, com crescimento de 20,2% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Contudo, a falta de crédito habitacional acessível ameaça frear o ritmo, especialmente para imóveis fora do programa Minha Casa Minha Vida.
A combinação de custos de construção mais altos, menor oferta de crédito e estoques reduzidos deve impulsionar a valorização de imóveis na capital sul-mato-grossense. O desafio para consumidores e construtoras será encontrar um equilíbrio entre oferta e demanda, garantindo que o setor continue em crescimento sustentável, mesmo em um cenário econômico adverso.