Em meio às recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos ao aço e alumínio brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (11) que não aceitará imposições arbitrárias sem negociação.
A declaração ocorre em resposta à decisão do governo norte-americano, liderado pelo presidente Donald Trump, de elevar em 25% as tarifas de importação sobre esses produtos.
Em discurso durante a inauguração de um centro de tecnologia em Betim (MG), Lula foi enfático ao afirmar que o Brasil não será tratado com desrespeito. “Não adianta o presidente Trump gritar de lá. Aprendi a não ter medo de cara feia. Quero respeito, porque respeito os outros”, declarou.
O mandatário brasileiro reforçou que a economia do país continuará crescendo, independentemente das barreiras comerciais. “A verdade é dita olho no olho. Nossa economia está no caminho certo. Vamos continuar gerando empregos e reduzindo a inflação”, pontuou.
Negociações e impasse diplomático
O governo brasileiro tenta reverter a decisão norte-americana por meio do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No entanto, fontes do Itamaraty indicam que há “cautela e pouco otimismo” em relação às negociações, dado o histórico protecionista da administração Trump.
Os impactos da medida preocupam o setor industrial brasileiro, uma vez que os Estados Unidos são um dos principais compradores do aço e do alumínio produzidos no Brasil.
O embate entre Lula e Trump também reflete divergências políticas de longa data. Na última eleição norte-americana, Lula manifestou apoio à candidatura de Kamala Harris, derrotada por Trump. Até o momento, os dois líderes não tiveram encontros formais desde o retorno do republicano à Casa Branca.
Tensão política interna
Durante o evento em Minas Gerais, a presença do governador Romeu Zema (Novo) adicionou mais tensão às discussões. O chefe do Executivo mineiro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou gestões anteriores do Partido dos Trabalhadores, gerando um clima desconfortável.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu as declarações, destacando os avanços econômicos recentes e as medidas de renegociação da dívida dos estados. Lula, por sua vez, elogiou Haddad e frisou que sua gestão busca beneficiar toda a população brasileira, independentemente de alinhamentos políticos regionais.