O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou um avanço de 0,9% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado mantém a trajetória de recuperação econômica, impulsionada principalmente pelo setor de serviços, que também cresceu 0,9%, e pela indústria, com alta de 0,6%. A agropecuária, por outro lado, apresentou retração de 0,9% no período.
Pela ótica da demanda, o destaque ficou por conta da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que subiu 2,1%, refletindo o aumento dos investimentos em infraestrutura e aquisição de bens de capital.
O consumo das famílias também teve um desempenho positivo, com crescimento de 1,5%, impulsionado pela melhora no mercado de trabalho e pela continuidade de programas de transferência de renda.
Período de comparação | Indicadores | ||||||
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PIB | AGRO | INDUS | SERV | FBCF | CONS. FAM | CONS. GOV | |
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) | 0,9% | -0,9% | 0,6% | 0,9% | 2,1% | 1,5% | 0,8% |
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior (sem ajuste sazonal) | 4,0% | -0,8% | 3,6% | 4,1% | 10,8% | 5,5% | 1,3% |
Acumulado em quatro trimestres / mesmo período do ano anterior (sem ajuste sazonal) | 3,1% | -2,9% | 3,4% | 3,4% | 3,7% | 4,5% | 2,9% |
Valores correntes no 3º trimestre (R$) | 3.0 trilhão | 162.9 bilhões | 658.6 bilhões | 1.8 trilhão | 526.8 bilhões | 1.9 trilhão | 535.1 bilhões |
Taxa de Investimento (FBCF/PIB) no 3º trimentre de 2024 = 17.6% | |||||||
Taxa de Poupança (POUP/PIB) no 3º trimentre de 2024 = 14.9% |
Setores em destaque
O setor de serviços, que representa a maior parte da economia brasileira, teve desempenho robusto, com avanços em áreas como informação e comunicação (2,1%), atividades financeiras (1,5%) e comércio (0,8%). Já na indústria, o maior crescimento foi observado nas indústrias de transformação (1,3%), enquanto segmentos como construção (-1,7%) e energia (-1,4%) apresentaram queda.
No entanto, a agropecuária sofreu impacto de quedas na produtividade de culturas importantes, como milho (-11,9%) e laranja (-14,9%), apesar do bom desempenho de outros produtos, como algodão (14,5%) e trigo (5,3%).
TABELA II.1 – Principais resultados do PIB a preços de mercado do 3º Trimestre de 2023 ao 3º Trimestre de 2024 | |||||
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Taxas (%) | 2023.III | 2023.IV | 2024.I | 2024.II | 2024.III |
Acumulado ao longo do ano / mesmo período do ano anterior | 3,5 | 3,2 | 2,6 | 3,0 | 3,3 |
Últimos quatro trimestres / quatro trimestres imediatamente anteriores | 3,3 | 3,2 | 2,8 | 2,7 | 3,1 |
Trimestre / mesmo trimestre do ano anterior | 2,4 | 2,4 | 2,6 | 3,3 | 4,0 |
Trimestre / trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) | 0,2 | 0,2 | 1,1 | 1,4 | 0,9 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais |
Crescimento do PIB brasileiro em 4,0% na comparação anual
Na comparação com o terceiro trimestre de 2023, o PIB avançou 4,0%, refletindo uma recuperação econômica mais ampla. O setor de serviços cresceu 4,1%, enquanto a indústria subiu 3,6%. Já a agropecuária recuou 0,8% no mesmo período.
Esse resultado reflete, em parte, a retomada das exportações, que cresceram 2,1% em relação ao ano anterior, impulsionadas por produtos alimentícios e minerais metálicos. As importações, no entanto, tiveram um salto expressivo de 17,7%, pressionadas pela maior demanda por insumos e bens de capital.
Taxa de investimento e poupança
A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2024 alcançou 17,6% do PIB, um avanço em relação aos 16,4% observados no mesmo período de 2023. Já a taxa de poupança recuou, passando de 15,4% para 14,9% no período.
Com o PIB do trimestre totalizando R$ 3,0 trilhões, especialistas apontam que o Brasil mantém uma trajetória de crescimento moderado, embora desafios no setor agropecuário e na inflação de alimentos possam gerar instabilidades.
O desempenho acumulado em 2024 até setembro é de alta de 3,3%, destacando o papel do consumo das famílias e dos investimentos como motores da economia. No entanto, o governo monitora o aumento nas importações e as dificuldades enfrentadas pelo agronegócio, que ainda sofre os efeitos de condições climáticas adversas e oscilações nos preços internacionais.
Perspectivas para o fim do ano
A expectativa é de que o último trimestre mantenha o ritmo de crescimento moderado, sustentado pelos serviços e pelos investimentos. Para especialistas, a retomada industrial e a expansão do consumo interno serão essenciais para encerrar 2024 com um desempenho econômico sólido.
Com a economia acumulando crescimento de 3,1% nos últimos quatro trimestres, o PIB brasileiro consolida sua recuperação, mas reforça a necessidade de atenção a setores que apresentam dificuldades, como a agropecuária, e aos impactos das altas importações sobre o saldo comercial.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais