Funcionários de nove fábricas da Volkswagen na Alemanha interromperam suas atividades nesta segunda-feira (2) em um protesto que marca o início de uma greve parcial. Os trabalhadores reivindicam melhores condições diante da proposta da montadora de reduzir salários em 10% e ameaças de fechamento de plantas pela primeira vez na história da empresa.
As paralisações de duas horas, organizadas pelo sindicato IG Metall, atingiram unidades importantes, como a fábrica principal em Wolfsburg, que emprega cerca de 70 mil pessoas.
O impacto já é sentido na produção, com centenas de veículos, incluindo o icônico Golf, deixados de lado nas linhas de montagem. Em Hanover e outras unidades, os trabalhadores também aderiram à greve, planejando novas paralisações ao longo da semana.
A Volkswagen justificou as medidas como parte de um plano para cortar custos e melhorar sua lucratividade em meio a desafios crescentes. A transição mais lenta do que o esperado para veículos elétricos, a concorrência de montadoras chinesas e os altos custos de produção na Europa têm pressionado a maior fabricante de automóveis do continente.
Crise interna e impacto no mercado
A crise na Volkswagen ocorre em um momento delicado para a economia alemã, que enfrenta incertezas políticas e instabilidade no setor automotivo europeu. Além disso, o impacto das greves pode agravar os resultados financeiros da empresa, já afetada por quedas nas entregas e lucros reduzidos.
A ameaça de fechamento de fábricas é vista como um ponto crítico para os trabalhadores. A unidade de Zwickau, dedicada exclusivamente à produção de veículos elétricos, é uma das mais vulneráveis, com paralisações previstas para esta segunda e terça-feira.
Negociações em impasse
As negociações entre o sindicato e a montadora têm sido marcadas por tensão. Enquanto o IG Metall propõe alternativas para economizar 1,5 bilhão de euros – incluindo a suspensão de bônus nos próximos dois anos – a direção da Volkswagen considera as propostas insuficientes.
Uma nova rodada de negociações está agendada para 9 de dezembro. Caso não haja avanços, o sindicato não descarta ampliar a greve, transformando-a em paralisações de 24 horas ou mesmo por tempo indeterminado.
Em comunicado, a Volkswagen afirmou respeitar o direito dos trabalhadores de protestarem, mas destacou que medidas foram tomadas para reduzir os impactos sobre os clientes.
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Desafios à frente – Volkswagen
A crise na Volkswagen reflete não apenas as dificuldades internas da empresa, mas também os desafios enfrentados pela indústria automobilística europeia como um todo. Com margens de lucro pressionadas e a necessidade de investir na transição elétrica, o setor se encontra em uma encruzilhada.
O resultado das negociações será decisivo não apenas para a Volkswagen, mas também para o futuro do mercado automotivo na Europa, onde a montadora desempenha um papel central.